21 de junho de 2004

HORA DE DORMIR

O país já gritou, contente. Por um dia, ou talvez mais, o primeiro-ministro vai suspirar de alívio: os portugueses acham-se mais estimáveis.

O trabalho aguarda depois do sono. A escrita das coisas desejadas terá de esperar, enquanto cavo na horta da calçada as batatas da renda.

Amanhã vou achar-me mais gordo. Ainda menos jovem do que hoje. Um dia a menos para a morte. Mas será por ainda ser cedo e a casa de banho não ter luz natural. É natural.

Os jornais vão falar de coisas que lhes parecem, hoje, importantes. Nenhum falará do céu, do mar ou das plantas, que permanecerão depois de nós desaparecermos.
Ou talvez sim. Os jornais falam pelos cotovelos.

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